O jornal Folha de S. Paulo,
o maior do Brasil, traz hoje uma matéria bombástica. Segundo a
publicação, o empresário David Neeleman, dono da Azul, está criando um
fundo de investimento destinado à compra da companhia aérea portuguesa
TAP e da americana JetBlue, que ele fundou. O projeto, no futuro, seria
integrar as três empresas, formando uma gigante aérea nacional, com
rotas para Europa, África e EUA, algo que o Brasil não tem desde o fim
da Varig. Por razões estratégicas, o governo federal também deve
participar do negócio como sócio via BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
A possibilidade da Azul
comprar a TAP, que deve ser privatizada até o fim do ano, vem sendo
comentada há algum tempo, inclusive com declarações de altos escalões do
governo, mas até agora a operação não se havia falado de a Azul comprar
também a JetBlue, companhia fundada por Neeleman mas de onde ele foi
demitido.
O mais impressionante é que
a matéria da Folha traz detalhes da operação. Segundo o jornal, o BNDES
deverá ter cerca de 20% de participação no fundo, investindo
inicialmente US$ 600 milhões. Os fundos privados que hoje são acionistas
da Azul também devem entrar no negócio liderado por Neeleman. O
empresário entrará com recursos próprios, adquirindo 5% de
participação. O investimento total será inicialmente de US$ 3,2 bilhões,
valor que deve dobrar.
Com esses recursos a Azul planeja comprar
a TAP e a JetBlue. A companhia portuguesa deverá custar US$ 1,5 bilhão
(valor da dívida).
Avaliada em US$ 1,7 bilhão, a JetBlue terá de ser
adquirida por meio de uma oferta hostil ao mercado – operação que, para
ter sucesso, prevê desembolsos maiores para atrair os acionistas.
“Sempre
penso sobre coisas que a gente pode fazer, mas, neste momento, estou
focado na Azul”, disse Neeleman à Folha. “Não é verdade que eu vá
comprar a TAP ou a JetBlue.” Mas, ainda segundo apurou a reportagem,
pessoas da Azul analisaram os balanços da TAP na sede da companhia, em
Lisboa. No governo, o negócio é considerado “líquido e certo”.
Gigante
Caso
o plano avance, a Azul poderá comprar as duas companhias do fundo,
tornando-se a maior empresa nacional, com voos internacionais, fazendo
frente à Latam (fusão entre TAM e a Lan), sediada em Santiago do Chile.
Segundo a Folha, Esse é um dos motivos que levaram o governo federal a
estimular Neeleman a entrar no negócio junto com o BNDES. Inicialmente, o
empresário não era favorável à compra da TAP.
Mas mudou de ideia quando
identificou a oportunidade estratégica da união entre as três aéreas. O
governo aceitou a ideia.
A presidente Dilma Rousseff se
comprometeu com o governo português a buscar uma saída para a TAP e
também pretende fortalecer a aliança estratégica com a África.Além
disso, ela aprova o “modelo Neeleman” de gestão, que quebrou o duopólio
de TAM e Gol, ajudando a aviação regional.
Com a TAM integrada à
uma companhia chilena e a Gol sem demonstrar apetite para avançar no
mercado internacional de longo curso, o sonho de Neeleman,
compartilhado pelo governo federal, é transformar a Azul na empresa
brasileira de bandeira, no espaço que já foi da Varig. A integração das
operações de Azul, JetBlue e TAP permitiria ao Brasil ter ligações
diretas com EUA, América Central, Europa e África.
A TAP é a
empresa europeia com mais voos para a África, continente considerado
estratégico para o Brasil. Também agrada ao governo brasileiro o fato de
a TAP ter uma presença descentralizada dentro do Brasil, com voos para
nove cidades, de Porto Alegre a Fortaleza. Já a JetBlue tem ampliado sua
presença na América Central e em novembro passará a voar para Lima, no
Peru.
Dentro desse plano, a Azul poderia levar passageiros de
diversas cidades do Brasil para um ponto na América Central, como em
Porto Rico, e dali fazer conexão com os voos da JetBlue para os EUA,
modelo usado com sucesso pela Copa e agora copiado pela GOL.
A
compra da JetBlue é um sonho antigo de Neeleman, que nunca digeriu o
fato de ter sido demitido do comando da empresa que criou.
Ele
perdeu o cargo após divergências com o conselho de administração sobre
como lidar com os efeitos de uma forte tempestade que paralisou as
operações da companhia, em 2007.
Impressiona, como dissemos, os
detalhes revelados na reportagem. Além disso, a Folha é o maior jornal e
um dos que tem maior credibilidade em todo o país e em momento algum os
jornalistas colocam os fatos na condicional. Pode ser que o negócio
nunca vingue, quem sabe até por ter vido à tona na hora errada, mas
ainda assim é muito bom sonhar em termos uma companhia brasileira forte
voando mundo à fora!
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